REFÚGIO DOS MARES
A palavra é santa,
Mas o distúrbio dilacera e descerra
A maquilagem do desencontro
Na dúvida que dói.
O poema não quer nascer?
Faço de tudo pra ultrapassar a incógnita,
Pois o delírio dos lírios
Devassa-me...
Esta ansiedade
Transpirando liberdade de amor fundo,
Pois a vaidade do tempo
Dissipa-me...
O poema nasce torto.
Mas o poeta transcreve a tortura louca,
Pois o fado desvela o importuno
Das horas inválidas.
Preciso de subsídio
Pra demonstrar o desespero do poema,
Pois a inspiração se desloca
No advento da criação.
Os meus versos
Estão defasados de inspiração poética,
Mas a insistência da alucinação
Encobre o verso.
II
Como é doloroso
Construir o poema mudo de sons líricos,
Pois a fatalidade finaliza o orgasmo
Na magia onírica.
Finalizo esta obra
Citando os detalhes delirantes dos lírios,
Pois desdobrei o dorso do mal
Na manhã defunta.
Se eu terei leitores?
Não posso imaginar os meus delírios
Sem os olhos fugazes de poesia,
Mas isto é um risco detalhe...
Sobre a minha morte,
Eu encontrarei o critério demasiado,
Pois então serei um grande artista
Dos signos?
O refúgio dos mares
Aquieta a minha alma infeliz e tênue,
Pois o infinito esverdeado
Vela o meu olhar...
(por Fabiano Montouro)
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 24/09/2010