A VOZ DO VERBO
Elucidei o meu caminhar
Nas entranhas dilaceradas do alvorecer,
Pois as folhagens esverdeadas
Cobriam meus pés.
E a voz do verbo?
Ela silencia ou promove a ação evolutiva,
Mas a linguagem pura e poética
Transtorna-me...
O silêncio noturno
Propicia a criação poética verdadeira,
Mas eu só escrevo no diurno
Infelizmente!
Minha poesia é falsa?
Talvez eu tenha sido sincero em demasia,
Pois o meu dia é cheio de ilusões
E de poemas.
O barulho diurno
Interfere na pureza da linguagem poética,
Pois é no silêncio da madrugada
Que se é real.
Queres o poema letal?
Um poema transfigurado no influxo imaterial,
Pois a suavidade intransferível do belo
Compõe o ato.
II
Escrevo do meu jeito.
O meu estilo (adquirido nas minhas andanças)
É próprio de tanto ler poesia dos grandes,
Mas podia ser...
Quero o poema lícito?
Como mudar a trajetória inquietante
Do poema ausente? O suspiro
Gera rodeios.
Como escrever um poema
Cheio de amor? É demasiado inconsistente,
Pois a tragédia configura o funesto
No teu desamor.
Uma obra findando.
É uma alegria inusitada procriar um livro,
Mas a esperança de publicá-lo
É irrelevante...
(por Fabiano Montouro)
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 24/09/2010