ARDÊNCIA FLORAL
Alicercei o peito
Da tragédia traiçoeira e elegida,
Pois me debrucei afoito
Nas tuas molas...
Avistei o orvalho
Na independência destronada,
Pois a gula desmiolada
Desatinou-se.
A ardência floral
Despreocupou a sisuda alegria;
Mas o cheiro aromático
Desmantelou-me...
O poema quer nascer?
O desdenho drástico desmorona
O alicerce da ilustração
Na boca do vento...
Os meus versos
Têm os simples roçares das paisagens;
Mas o extravio da lógica
Impõe rodeios...
Atravesso as planícies
Distorcendo a fuga da inocência,
Pois o acesso indisciplinado
Deposita veneno...
II
A lua dourada
Desnuda a leveza leviana da Luana,
Pois o delírio desliza afoito
No mar revolto...
Um pássaro voa
Sobre cabeças alienantes asfixiadas;
Mas o desnível destilado
Corrompe o útero...
Um verso impróprio
Dispensa a lógica dos signos próprios,
Pois o meu hermetismo influencia
À luz do calabouço...
Quero desvencilhar-me
Da loucura conformada do idiotismo;
Pois sou a extravagância oceânica descontente
No útero da liberdade...
(por Fabiano Montouro
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 24/09/2010