FLOR DE CACTOS
O poema nasce
De forma esplendorosa e perniciosa,
Pois alicia os amores no cio
No gozo da fruição
Os meus versos
São místicas pastagens deslumbrantes,
Pois se escoram nestas flores
De espinhos afiados.
Sem inspiração,
Eu devo ludibriar o meu desânimo drástico;
Pois a magia dos signos vis
Espeta-me no olhar...
A sinistra flor de cactos
Desferiu um golpe mortal no meu coração,
Pois o seu embuste esverdeado
Perfurou-me...
Um poema morre
Na frivolidade de desmembrar o óbito,
Pois o poeta – esmero esquife –
É vive-morto...
Proponho um cárcere
À lucidez senil da minha estúpida memória
Pois sinto o peso da ventania
Sobre o meu cadáver...
II
As minhas crateras
São memoriais da flor de cactos;
Mas esta dor desdenhada desfere
Espinhos mil!
E sobre a solidão?
Quem desfruta desta vil assombração?
Os espinhos me penetram a contento
E como dói...
As palavras fogem
(como se nunca estivessem estado comigo);
Mas eu empurro a inspiração
Na minha reação
Um poema delira
(na excêntrica loucura invernada);
Mas a magia dos signos
Entoa as brisas...
Se eu sou poeta?
Talvez eu não saiba responder...
Tudo é tão cômodo na minha imaginação:
Ouço os ecos e os meus suspiros!
(por Fabiano Montouro)
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 23/09/2010