RESTOS DA ORGIA
Cavalgo sobre um dorso
Ondulando o magnífico tormento hilário;
Mas desenlaço o galope ciclone
Num circo indecente...
Esqueço de desfazer-me
Das verdades invioláveis das mulheres gordas,
Pois procuro um disfarce ignóbil
De uma máscara grega.
Os suspiros rutilantes
Desvanecem a desventura espúria,
Pois o alegórico teatrólogo
Expele o meu enjôo...
Descarrego destas almas
Os restos da orgia oscilante e esquálida;
Mas respaldo o recesso tênue
No porto da ilusão...
Obtive a louca demanda
Na orgia ondulante dos caracóis;
Mas o ensejo de novos e desfrutáveis carnavais
Refloresce os males...
Desfaço o compromisso
Da desmiolada desesperança dúbia
Pois rastejo na ribanceira
Do meu cinismo...
II
Despedacei o teu coração
Nas descidas desenfreadas das desilusões,
E o amor acabou numa bofetada
Intempestiva...
Desci às orgias mundanas
Desfrutando do sexo desequilibrado,
E o sucesso mistificado
Era uma vela...
O amor mutilado
Descumpriu a manutenção das efêmeras fantasias;
Mas a incidência desnorteada
Intensificou o meu medo...
Desfiz-me da luz no vácuo
No ópio das horas inválidas e mórbidas;
Mas a desgraça deselegante
Corrói as sementes...
(por Fabiano Montouro)
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 23/09/2010