INSATISFAÇÃO DAS MASSAS
Quem se preocupa com a insatisfação das grandes massas oprimidas do mundo? Serão os teólogos, que falam indevidamente em nome de Deus, os preocupados com os problemas fundamentais dos povos do nosso planeta? Serão os sociólogos que apresentam sistemas obsoletos, que na prática são inviáveis de manifestação aplicativa das normas? Serão os cientistas que pretendem, absurdamente, descobrir a natureza do princípio primordial da vida: em outras palavras, querem sondar a natureza íntima de Deus? Serão os historiadores que estudam a humanidade desde o seu primórdio? Serão os matemáticos que equacionam os problemas humanitários, sem encontrar com exatidão a lógica das manifestações sociais? Serão os físicos, que não entendem nada sobre as leis do Espírito, a solucionar as grandes aberrações sociais? Serão os biólogos, que estudam os fenômenos da manifestação da vida, que irão resolver o endividamento medonho das classes privilegiadas em detrimento das grandes massas oprimidas? Ou serão, quem sabe, os políticos carreiristas, que governam sempre aos grandes monopólios capitalistas, a decidirem metamorfosear as sociedades humanas desumanizadas?
Os primeiros a ser tocado pela humildade e, com isto, modificarem as suas ações lucrativas, são os detentores do poder econômico. É óbvio que no Sistema capitalista seja o poder econômico o centralizador de todas as forças do organismo social. O egocentrismo lunático tem sido o responsável pelos lucros abusivos, que os grandes empresários administram usando, evidentemente, o esforço sobre-humano das grandes massas oprimidas. É séria a mudança que tem que ocorrer na mentalidade do meio empresarial mundial, aniquilando com o desejo individualista de enriquecer ilimitadamente, propiciando, desta feita, negociações trabalhistas mais humanas e mais justas. E algumas empresas de vanguarda já estão assimilando esta nova realidade de aplicar melhor a justiça social, conseguindo, ainda, o aumento da produção. Os trabalhadores estão sendo associados às respectivas empresas, participando de uma parcela real do lucro empresarial. Exemplo este a ser seguido por todos os grandes empresários do mundo, distribuindo, com mais justiça e humanidade, a renda das grandes massas oprimidas.
Por sua vez, o poder religioso tem que fazer a sua parte. E, para isso, ele precisa se conscientizar da verdadeira natureza de Deus e de suas leis imutáveis. Tem sido a criação de dogmas a iniciativa dos religiosos em manter as grandes massas oprimidas num adormecimento letal ao Ser social. Os líderes religiosos, julgando-se mensageiros de Deus, têm alimentado, no âmago das sociedades mundiais, uma fé cega, sem base nenhuma da realidade espiritual. E esta fé cega tem promovido a incredulidade generalizada – principalmente na juventude mundial. E com isto está aumentando o materialismo e o ateísmo. As grandes religiões (com os seus dogmatismos ultrapassados) estão, sobretudo, preocupadas em se perpetuar no poder religioso e aumentar as suas riquezas materiais. Riquezas acumuladas através do empobrecimento das grandes massas oprimidas. Todas as religiões terão, indubitavelmente, que passar revista na doutrina kardecista. É no Espiritismo que todos os religiosos encontrarão a iluminação científica e filosófica do mundo espiritual. E, por conseguinte, mudarão as suas visões distorcidas da espiritualidade e da divindade.
Resta-nos saber, por fim, o que fazer com o poder político que tem governado este processo de desumanização das grandes massas oprimidas. Que critério adotar para uma avaliação contundente sobre a atuação da classe política mundial. A arte de fazer política é a realização efetiva do Bem-Comum. Pois a função do político é intervir na estrutura econômica, para que as riquezas sejam bem distribuídas, garantindo, assim, os direitos fundamentais do ser humano. Em outras palavras, atuar politicamente para não permitir a especulação e a exploração das grandes massas oprimidas. Fazer política é representar os direitos das classes trabalhadoras. Muito mais do que representar, é garantir os direitos sociais, efetivando a independência comunitária. E é justamente no Estado Democrático que o poder político perde o seu valor de existir, pois o poder político tem traído a sua verdadeira arte de governar. O Bem-Comum tem sido esquecido, e a politicagem tem favorecido e governado conforme a cartilha dos grandes empresários e dos banqueiros. As grandes massas oprimidas não precisam de governos relapsos, corruptos e inconfiáveis. Resta-nos, saber, se haverão poderes políticos confiáveis, comprometidos, realmente, com os direitos fundamentais das grandes massas oprimidas? Eu penso que não. E como sei que os povos dos mundos democráticos são o poder político, não sentirei nenhuma falta se por ventura a classe política desaparecer da face da Terra - como por um pranto divino.
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 22/09/2010