VIDA DE ARTISTA
O artista é um eterno sonhador. Talvez seja por isso que alguns, dotados de genialidade, tenham trilhado o caminho da rebeldia.
Inconformados com a alienação do SISTEMA, com as regras rígidas e conservadoras, não se contentavam – graças ao espírito inquieto e a sensibilidade privilegiada – em viver comodamente sobre a Terra. Embora os seus corpos físicos estivessem condicionados ao planeta, pela lei da gravidade; os seus espíritos iluminados tendiam a se dispersar pelo COSMO. E voavam desesperadamente rumo ao infinito, anelando a sensação plena e absoluta de liberdade. Nesta trajetória, às vezes até inconseqüente, o sofrimento esmerava o dom artístico. Apesar do sistema caudilho massificado e prepotente lançar dardos vis sobre tais espíritos, oprimindo imperativamente o novo: eles, por idealismo, eram perseverantes. Ignoravam a IDEOLOGIA. Tombavam várias vezes, sobrecarregados de mazelas. Mas a ânsia de liberdade cicatrizava as mesmas, e retomavam o vôo munido de uma determinação sobrenatural.
O reconhecimento e a glória, quase sempre, chegam tarde demais. VAN GOGH foi extremamente repudiado e discriminado. Sua bipolaridade o fazia produzir desvairadamente, mas não conseguia comercializar a sua ARTE. Em vida, vendeu apenas uma de suas centenas pinturas. Atualmente, depois de um século de sua morte, é reconhecido como um dos grandes gênios do EXPRESSIONISMO. Um VAN GOGH, hoje, é o quadro mais caro do mundo.
O sonho (ou pesadelo) continua. E muitos artistas de vanguarda continuam criando e sendo discriminados por uma minoria elitista da sociedade – esta mesma minoria que se beneficia, após a morte do artista, especulando a sua obra.
O verdadeiro artista enfrenta o mundo sem ilusões. Sofre alucinadamente. Mas rompe barreiras. Se por um lado tem dificuldades de se comunicar, de ser valorizado no tempo certo; por outro lado tem facilidades de se comunicar com o REAL. E o REAL é transparente. É preciso depurar o ESPÌRITO para penetrar no invisível, no desconhecido. Pois as ilusões arcaicas distorcem, com certa freqüência, a nossa visão materialista.
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 22/09/2010