Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
MESMICES COTIDIANAS


Os ricos vivem no gozo da liberdade efêmera e inconseqüente. Fogem da rotina como o diabo foge da cruz. Vivem intensamente como se o mundo fosse acabar amanhã. Como se a vida fosse feita só para os prazeres momentâneos e fúteis. Mas, ainda assim, não conseguem fugir da rotina das mesmices cotidianas. Das suas velhas manias inconsistentes de conviver no mundo das aparências ridículas do modismo frívolo e desapropriado.
As mulheres dos milionários são as grandes vítimas do consumo econômico, da inutilidade das horas, da fugacidade dos salões de beleza, das usurpadoras clínicas de cirurgia plástica, da euforia das compras nos shoppings, etc. E a insatisfação é, devidamente, constatada na apreciação das madames – quase sempre frustradas consigo mesmas. Não encontram a felicidade almejada, nem a paz de espírito.
Os filhos dos magnatas infelizes são, na grande maioria, inconseqüentes e rebeldes. E, quando muito, viram criminosos assassinos e traficantes de drogas. A facilidade de levar a vida na flauta na despreocupação material com o futuro vindouro é responsável pelas atitudes levianas e deseducadas dos “filhinhos de papais” de todos os tempos mais remotos.
A riqueza é uma provação divina muito mais difícil que a provação da pobreza, pois, na maioria das vezes, os ricos sucumbem, nos seus espíritos, diante das tentações efêmeras, mas consistentes, da matéria.
Os espíritos que escolhem a pobreza, como veículo de depuração do espírito, são mais interessados em progredir espiritualmente. Em evoluir, intelectualmente e moralmente, no menor espaço de tempo possível, para alcançar a plenitude e a felicidade eterna – tornando-se Espíritos Puros! É por isso que a maioria das pessoas é pobre: a vida material é momentânea, e o tempo são milésimos de segundos diante da Eternidade.
A rotina dos pobres é mais rude, mais monótona e mais sofrida que a rotina dos endinheirados. O trabalhador assalariado é prisioneiro do relógio, do aluguel, das prestações atrasadas, do choro de criança com fome, das mulheres gordas e feias, dos cachorros magros e pulguentos nos quintais... A diferença é brutal no cotidiano do pobre em relação ao rico. O pobre acorda de madrugada para pegar três ônibus e, então, chegar para mais um dia de trabalho árduo, puxado e sofrido. Enquanto isso, a mulher, em casa, descadeira-se de tanto lidar com as atividades do lar: lavar, passar, cozinhar, faxina, cuidar dos filhos, etc. O pobre chega tão cansado do trabalho todos os dias assim: toma banho, come alguma coisa, quando tem, e vai dormir. A mulher fica até contente de não ter que abrir as pernas todos os dias: sexo é coisa de gente fina, de gente cheirosa, de gente rica!
O cotidiano de cada um, seja pobre, ou rico, é, na verdade, sempre igual. A diferença é que uns sofrem mais do que os outros. Resta-nos saber a importância do sofrimento na vida humana. Qual o peso que ele representa no desenvolvimento espiritual do ser humano. Quem é mais salutar, a tristeza ou a alegria? Quem prefere ser feliz na Terra, sendo infeliz na Eternidade? A frivolidade da matéria me induz a pensar que eu quero ser feliz no mundo espiritual – que é a verdadeira realidade!
E você, se julga feliz nas tuas mesmices cotidianas?



FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 21/09/2010
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