LÍRICA AMOROSA
Docemente deslumbrante é a tua beleza, em conotações inebriantes, e vasta fascinação iminente de um poeta agitado e absurdamente louco de fantasísticos silêncios amorosos, porquanto os teus passos, suavizados pela ternura do teu corpo escultural, deslizam sobre os meus sonhos muito auspiciosos; sob os teus luares prateados – e os meus céus azulecentes destas madrugadas nauseabundas se mordem de sintomas orgásticos, em cada amanhecer com saudades do teu cheiro mimoso e do teu gosto velado... E as melodias das liras, sob o sopro do vento Minuano, relampeiam as minhas impulsões lacrimosas por desejar a tua presença...
Despedaçam sobre o meu dorso poético as solidões de estrelas cadentes, onde eu te procuro sem me achar, perdido que estou nesta tentativa lunática de deixar, num lampejo, de te amar – como se nunca tivesse te amado... E dançando sobre o teu corpo imaginário – que o tempo implacável já se encarregou de arruinar – transpasso as minhas deleitosas ilusões de ainda estar te possuindo; se é que eu pude ter a sensibilidade de um dia ter te possuído... E as miragens do teu rosto belo e impecável afugentam a minha perversa realidade de conscientizar-me de tê-la perdido para sempre, ainda que esta verdade me seja absurdamente inviável e enlouquecedora... Sim, enlouquecido é como estou, sendo o teu poeta de todos os encantos e de todos os prantos; enquanto as tempestades inquietam a minha alma, sou floresta incendiando o meu arvoredo de emoções...
Esta distância asfaltada, como se fosse uma escada sem degraus, afasta-me dos teus abraços, dos teus beijos e do teu sexo indomável – onde eu tentei domesticar-te nos meus moldes gauchescos; mas que a tua personalidade de carioca da gema desdenhou... Os meus suspiros madrugadores, poetando à tua beleza, atravessam as galáxias e as nebulosas estelares deste amor incontrolável, sorvendo dos ventos à fragrância da tua pele amorenada inesquecível... E sendo a musa dos meus singelos versos, tens o poder de multiplicar os teus encantos e sublimar a tua beleza; ainda que a tua inteligência mediúnica me impressionasse...
Eternizo este meu amor, não enfatizando o nosso amor, pois nada sei sobre o teu me amar, silenciando as dores de uma separação atroz – no principiar de um grande amor... E esta saudade que castiga o meu coração é um carrasco estúpido e insensível a torturar os meus anseios e os meus sentires... Amar-te-ei por toda a Eternidade, ainda que eu (o poeta da loucura) esteja em devaneios submissos perpétuos... Ataduras sobre este amor doentio, pois estamos divorciados faz vinte anos, é compressa de tulipas fluidificando esta minha louca esperança de te amar de novo – como se esta decomposição material não tivesse exterminado com a tua beleza de deusa grega impressionante? Mas ainda que o teu corpo escultural esteja deformado pelo o passar dos tempos, tenho a convicção que o teu espírito está mais condicionado à tua sensibilidade artística e mediúnica, num psiquismo de uma beleza fascinante, onde saberei me render se eu tiver novamente o privilégio de conviver contigo...
Sou um pássaro sem asas sem a angelicalidade do teu amor celestial, onde nos teus labirintos me acho – ainda que completamente perdido no âmago dos meus labirintos espelhados do meu subconsciente, incapaz de apagar as imagens valiosas da tua psique valiosa, inquestionável e loucamente inesquecível à minha natureza poética... Eu preciso saber da tua vida, dos teus sentimentos, das tuas inspirações cotidianas em me fazer te esquecer; ainda que a minha intuição telepática esteja a pressentir a tua presença carinhosa em minha vida – por mais distante que estejamos, ainda somos uma unicidade amorosa a chocar sonhos...
Seria muito desagradável saber que o teu amor acabou de todo, pois o meu amor continua vivo como uma arara colorida a cantar versos de amor – ainda que uma arara de verdade não consiga cantar sequer uma estrofe desta minha poesia que te eleva ao pedestal das musas inspiradoras, onde os poetas desenganados e melancólicos como eu sobrevivem nas recordações dos seus grandes e eternos amores... É muita felicidade poder reencontrar-me contigo, abraçar o teu corpo amado e beijar os teus lábios vermelhos da cor destes meus deliciosos morangos...
As nossas pequenas coisas cotidianas, como caminhar de mãos dadas pela orla de Copacabana, são indícios desta perplexidade de que nunca vou te esquecer – ainda que tu tenhas te metamorfoseado numa bruxa, os meus olhos petrificados no nosso grande amor te enxergarão sempre como a deusa dos meus sonhos cariocas...
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 20/09/2010
Alterado em 20/09/2010