Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
O TEMPO VAI PASSAR


Vão passarinhos, vão anunciar que o tempo vai passar sobre nossas faces estáticas, estateladas e enrugadas. E não adianta se proteger com um bom cirurgião plástico; o tempo, destemido, vai passar. E os passarinhos, também vão passar. E não adianta acreditar que a vaidade vai encontrar a solução: para enfrentar o tempo terá que lutar, e será uma luta sem trégua, sem noção da vil realidade - (o tempo vai passar!).
A mulher, sem dúvida, é a mais afetada na luta contra o tempo. É ela que coloca silicones no corpo inteiro. É silicone nos seios, nos quadris, nos glúteos, na panturrilha e sei lá aonde mais. Já não é possível ter a certeza que a beleza daquela ou desta mulher seja, propriamente, de verdade, real, natural, pois já não se faz mais beleza como antigamente. Tudo, hoje, é artificial. E até os homens estão aderindo esta panacéia empedernida da loucura desvairada de driblar a aparência, como se o tempo não fosse destruir qualquer resquício da juventude e da tão idealizada beleza.
Vão passarinhos, vão anunciar que o tempo vai passar sobre as nossas faces estáticas, estateladas e enrugadas. E o tempo vai passar impondo sua superioridade sobre a vida no planeta. Não há nada a fazer contra ele a não ser conscientizar-se que ele vai chegar, anunciando ao destino humano sua força temporal. E os gemidos dos que não sabem envelhecer não emocionam o tempo, que, ruidosamente, vai passar. O tempo, quando passa, costuma trazer reumatismo, varizes, perebas de todo jeito, problemas de coluna, osteoporose, loucura, obesidade e uma infinidade de outros problemas insuportáveis.
A juventude, desatenta, não percebe que o tempo vai passar, que toda jovialidade, toda beleza dos vinte anos estão fadadas a esmorecer, com o passar do tempo, e desaparecer num estalo de dedos. É verdade, o tempo passa muito rápido, mais rápido que a vontade de se permanecer jovem.
Os cirurgiões plásticos estão enriquecendo cada vez mais, com seus consultórios recheados de iludidos: as pessoas pensam que, com o recurso cirúrgico, conseguirão enganar o tempo. Mas o tempo vai passar de qualquer jeito. Sua imponência é insuperável. Sua força é avassaladora. E não há como desmentir o seu poder de destruir a beleza e destruir, também, a vida dos seres humanos. Portanto, não adianta lutar contra o relógio. O tempo, vertiginosamente, não pára. O cirurgião plástico não tem o poder de parar o tempo. Pode tentar enganar o tempo; mas o tempo, infelizmente, não pára. Não retrocede!
O mundo inteiro quer viver o momento: o resto não tem pressa. Mas o tempo não respeita o momento, não respeita a qualidade de vida (a riqueza ou pobreza), não respeita nada, absolutamente nada. O tempo vai passar destronando ilusões, sonhos de amor eterno, e a beleza vai, literalmente, chorar. E as maldades de cada dia, também, vão passar. E aquilo que mais se queria já não se quer mais, pois tudo acaba: a juventude acaba; a velhice acaba; e o tempo vai passar impondo forças. Não há o que duvidar desta vil realidade humana submetida ao tempo. O tempo, sem choro, nem vela, vai passar sempre, pelo menos no mundo material grosseiro...
A juventude vive a mil por hora. É justamente por isso que a juventude não percebe o tempo passando. E a vaidade acompanha os jovens influenciados pela mídia. E a beleza é procurada até pelos feios, enchendo os salões de beleza, pois ser bonito está na moda. Tudo passageiro, pois o tempo vai passar viajando léguas. E tudo será arrastado grosseiramente ao infinito das desilusões. Não adianta tentar não aceitar a condenação da nossa humanidade. Não adianta velhos larápios enganarem a sociedade se dizendo representantes do povo: o tempo vai passar e vai acabar com toda a torpeza que há no mundo. Até os bons não vão enganar o tempo. Pois o tempo vai passar sem deixar rastro, nem levantará poeira. O confronto do tempo com os homens é frio, lógico e corriqueiro. Todos os dias pessoas são esfarelados pelo tempo. Enterradas debaixo da terra para os vermes se banquetearem. É não há como não aceitar a supremacia do tempo diante da fraqueza humana. Diante da certeza que estamos morrendo, envelhecendo a cada dia. Resta-nos a crença de que o tempo vai passar sobre nós: e isso é inviável de resolução!
Será que há algo que não seja dilacerado pelo tempo? Será possível a existência de um ser que não seja abatido pelo passar do tempo? Foi justamente com o passar do tempo, que eu descobri o verdadeiro sentido da existência: o espírito que coabita em nosso corpo material não é afetado pelo passar do tempo. Ele é imortal e está sempre evoluindo em direção da perfeição, e, um dia, será Espírito Puro – o mais alto grau da espiritualidade. É isso aí, o tempo vai passar, e o espírito vai evoluindo. Mais relevante do que fazer plástica, portanto, é cuidar da espiritualidade, é se livrar dos sete pecados capitais. É, sobretudo, estudar a ciência e a filosofia do Espiritismo Kardecista, onde nos são reveladas as leis do Espírito...
Vão passarinhos, vão anunciar que o tempo vai passar sobre nossas faces estáticas, estateladas e enrugadas. Vão anunciar que a era do espírito já chegou. Vão anunciar que o espírito não morre, e que Deus mora na Eternidade!


FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 19/09/2010
Alterado em 19/09/2010
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