Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
POSFÁCIO LÍRICO


Somente um grande louco como eu – e assumidamente infeliz – tem o direito e o privilégio vanguardeiro de acreditar que a humanidade está, dinamicamente, evoluindo a sua linguagem metafórica; e que fazer poesia não é apenas um sintoma de loucura desvairada. São diferentes as pessoas que sabem apreciar a retórica poética: seus corações são mais sensíveis e seus pensamentos são mais refinados...
Infelizmente, ainda estamos longe de um ideal poético, penetrando em todas as camadas das nossas estratificações sociais; pois até mesmo a prosa de Machado de Assis ainda está impenetrável aos ouvidos surdos do vulgo: as pessoas aparentemente normais não se preocupam com as “futilidades da leitura”... E a massificação sistemática é proveniente justamente da cegueira na ignorância literária. Todos poderiam ter acesso à boa leitura, e ter a capacitação para entender e apreciar a famigerada poesia, se os donos do Sistema tivessem o interesse de aprimorar o conhecimento poético nos corredores inefáveis da nossa literatura brasileira.
Sabendo que o povo brasileiro é de pouca leitura, principalmente a poética, fica evidente que, sendo poeta, é de se imaginar que só mesmo um grande louco para perseverar pelos caminhos tortuosos da poesia: ler poesia é coisa da transfiguração do espírito, notadamente vislumbrada na imaginação das idéias eternizadas... E se a poesia é uma arte de signos figurados e metafóricos, numa linguagem exclusivamente conotativa, é de se esperar que o fazedor de versos seja um artista: ser um artista das bases neste Brasil carnavalesco e futebolístico já é, em si, um grande sintoma da loucura. Falo da minha loucura tão naturalmente, sem me intimidar com o preconceito, porque sei da abrangência da minha inteligência e do teor do meu vasto discernimento: a maioria das pessoas ditas “normais” pensa que o sujeito que é louco seja obtuso (de pouca inteligência), o que não é verdade. Ao contrário disso, os loucos são mais inteligentes do que se possa imaginar: criaturas humanas geniais que muitas vezes lhes falta apenas às oportunidades materiais – é por isso que a maioria dos grandes artistas só é reconhecida (como gênios indomáveis) muito tempo depois de suas mortes. Os artistas burgueses têm mais facilidade de penetrar no seio da sociedade humana; mas nem sempre, eternizados em suas obras – passado o momento de suas existências materiais, são paulatinamente esquecidos junto com a história de suas artes.
Não posso imaginar a criação literária e artística sem assistência substancial da loucura: quanto mais louco for um artista, mais genial será a sua obra; quanto menos louco for um artista – mais medíocre será a sua obra... O que estou afirmando é uma constatação para quem tem ouvidos para ouvir, olhos para ver e boca para falar. Adoçar as minhas palavras para amenizar o impacto da mensagem não é do meu feitio, pois realizo uma arte pungente incapaz de ser distorcida pela conveniência política... E é esta honestidade absoluta dos meus princípios artísticos que vem me atolando no caos dos artistas anônimos... Mas a idéia que faço das coisas materiais é frívola, podendo afirmar que o meu reconhecimento e a minha glória estão estabelecidos no mundo espiritual – uma vez que a minha perseverança seja efetivamente alcançada pelo meu espírito vanguardeiro...
Entendo que este trabalho literário expressa muitíssimo a minha maneira de sentir e ver as coisas materiais e espirituais, contando com o apoio indiscutível da minha existência versátil, eclética e profundamente atribulada de sofrimentos – causados, inapelavelmente, pela perda de um grande amor, digno de uma Lagoa Azul, na minha saudosa juventude: ainda que triste... Negar que eu espero um resultado promissor de Miscelâneas seria muita hipocrisia da minha parte; mas o meu desejo é muito mais extenso no que tange a minha felicidade literária de ter criado esta obra de arte – que é um considerável pedaço da minha alma...








FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 17/09/2010
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