AMOR DE BONECA
Um jeito meigo num espírito intelectual mediúnico, onde um corpo esguio e escultural orbitava nas constelações do amor carioca esplendoroso; transmutando inefáveis sensualidades orgásticas madrugadoras... Vislumbrantes desejos incendiários fulguravam nas paredes do meu subconsciente, remexendo os meus neurônios neuróticos freudianos; suplantando a interpretação dos meus sonhos psicodélicos... E a nudez dos corpos eletrizantes sempre desempenhando as aparências fantasísticas, embreada nos sentimentos voluptuosos das emoções lacanianas...
A psicanálise dos nossos sonhos, desmembrada num cotidiano caótico deslumbrante, infestava os nossos oníricos pensamentos de ilustrações enigmáticas surrealistas; onde o ilogismo da tragicomédia apurava idealizações... Semblantes amorosos apaixonantes eram céus azulecentes estrelados de sóis magnéticos, conspirando os entrelaçamentos das paixões auspiciosas de desejos sensuais... E as paredes filosóficas do nosso pequeno apartamento eram como as nuvens mais esbranquiçadas dos céus azulecentes siderais... E os beijos lascivos por todas as partes dos corpos assemelhavam-se com a gula das meninices comendo torta de chocolate, porquanto as línguas se lambiam lambendo tudo...
O teu corpo escultural, tão sensível as minhas loucas peripécias, era como se fosse porcelana chinesa; e os teus olhos castanhos escuros eram duas noites profundas, instigando as minhas saliências fantasmagóricas: e quando eu mergulhava nas profundezas da tua espiritualidade, as minhas agilidades corporais ensaiavam uma sinfonia de movimentos longitudinais; encorpando o gozo numa libido incomensurável... Éramos um casal quase perfeito não fosse a falta de dinheiro, ou a irrealização dos nossos sonhos globais: foi Deus que impediu a nossa penetração na Rede Globo, pois teríamos nos prostituído e seríamos, hoje, artistas mercantilistas; como se a arte pungente não fosse revolucionária... Éramos mais que um sucesso efêmero, pois as nossas estrelas-guias prestavam supervisões para sonhos mais enigmáticos e complexos...
Minha cama, sem você, é um imenso deserto, e o meu corpo um vendaval de loucuras escarpadas; porquanto o meu espírito é um furacão de tristezas escarpadas... A tua voz doce e aveludada não se faz presente, e eu fico enlouquecido no nosso passado agônico; onde, num lampejo ousado, eu rompi com o nosso pacto de sangue cruzado; como se um espírito lucífero tivesse possuído a minha mente atordoada... E o nosso amor acabou, e os nossos sonhos, conjugados em Copacabana, emborcaram... E um ingente suplício abocanhou a nossa felicidade, deixando em nossos espíritos melancólicos só uns resquícios de uma saudade que queima os nossos corações puros e fantasiosos...
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 16/09/2010
Alterado em 18/09/2010