Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
SOBRE A POBREZA


É de se pensar que todas as pessoas queiram deixar de ser pobres, pois as adversidades e os suplícios da pobreza são indícios de que a riqueza é sempre muito melhor: apostar na esperança de driblar o destino tem sido o sonho da maioria do povo brasileiro – quando aposta na Mega Sena... Mas esta realidade cósmica dos seres humanos (não somente a dos brasileiros) é muito diferente quando se tratando da maioria dos espíritos encarnados na Terra... Quando os espíritos estão na erraticidade (nos mundos espirituais), estudando e planejando uma nova encarnação, sabem que precisam se retratar de suas dívidas passadas em encarnações anteriores, às chances de escolherem as provações mais sofridas da suplicante pobreza é bem mais acentuado... Sofrer as provações e as expiações da pobreza é uma maneira eficaz de reparar as dívidas contraídas e de estar progredindo espiritualmente com mais rapidez... Ao contrário do que se pensa, a maioria dos espíritos escolhe sempre a pobreza; em detrimento dos irresistíveis prazeres da riqueza...
Já estando encarnados na Terra, os espíritos pecadores esquecem, quase sempre, de suas vis escolhas espirituais, ficando transtornado à medida que vivenciam os percalços de uma vida repleta de necessidades: tornarem-se revoltados com os seus destinos tem sido o teor das desilusões terrenas, enquanto sonham em enricar para solucionar todos os seus problemas materiais... E muitos, quando percebem que jamais deixarão de viver na pobreza, procuram no suicídio a maneira errada de escaparem dos seus maus destinos... Encarar a pobreza de frente, resignando-se com as suas dificuldades materiais e emocionais, tem sido uma paciente trajetória existencial das massas oprimidas: a vida pode ser difícil de ser vivida na pobreza; mas uma vez que as grandes provações são vencidas, os espíritos retornam gloriosos ao verdadeiro mundo espiritual – em posições espirituais mais elevadas na hierarquia dos espíritos...
Todas as pessoas pobres pensam que a riqueza é uma solução única às pendências dolorosas da pobreza; mas esquecem de obrar a perseverança do trabalho – pois a atividade profissional persistente é a única possibilidade de metamorfosear os pesares da vida, ainda que, muitas vezes, estejamos predestinados às agulhadas do destino... Quero poder dizer que é provável solução a esperança de se buscar uma vida melhor, ainda que os nossos dias demonstrem a ineficácia das alternativas cotidianas... Possuímos o dom divino de suportar os nossos sofrimentos, ainda que sejamos compelidos ao desprazer de nossas mazelas indesejáveis... Eu confesso que nós somos (nós, os pobres) mais resistentes às intempéries da existência, onde as complexidades doridas só tendem a aperfeiçoar os nossos espíritos...
Pudéssemos compreender as nossas más sortes, não precisaríamos das elucidações científicas do Espiritismo, onde todas as pessoas de bom censo moral encontram as suas respostas espirituais doutrinárias... Não podemos esperar que uma fé cega resolva as nossas dúvidas, mas nos munirmos da fé científica do Espiritismo... Se conseguirmos compreender os nossos débeis destinos, sem o conhecimento espiritista, é possível que possamos aceitar a nossa realidade material de forma límpida e com mansuetude... Avisados dos constrangimentos da matéria, os homens pobres são mais adaptados ao convívio dos desprazeres; pois a riqueza propicia a falsa ilusão fugaz no gozo dos prazeres materiais – mas a tolerância é visível na conduta dos homens humildes de boa vontade... A fé científica em Deus, através dos estudos espiritistas, nos ajuda a enfrentar todas as perturbações materiais e espirituais, que costumamos atravessar – tendo em nossas vidas as luzes da justiça divina...
Alem das esperanças humanas, com todos os tênues constrangimentos existenciais, os homens que vivem na penúria da pobreza, compondo uma sinfonia unifocal, são coabitados por espíritos perseverantes – que desejam, avidamente, alçarem as melhores situações ao retorno ao nosso plano espiritual... Desgostar dos maus momentos é absolutamente normal, pois a carne é fraca; mas, na grande maioria dos casos, os espíritos (que enfrentam a pobreza da carne material) são audaciosos nas suas resoluções... Cumprir as determinações expiatórias, ou ultrapassar as provações cotidianas, possibilita, a todo espírito endividado, o acerto de contas ao pagar as suas dívidas... As torturas da pobreza são recompensadas pelo princípio feliz – já muito desfrutado após o desenlace perispiritual...
A pobreza é uma grande provação aos espíritos, e os homens precisam se espiritualizar para melhor entendê-la, sem ter que passar pelos suplícios da carne – de forma exagerada e indevida, pois se revoltar contra a pobreza a torna sempre muito mais complexa e penosa...

FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 25/09/2010
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