Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
MEU FAZER POÉTICO


Fazendo uso de heterônimos, esfacelei a minha poesia em cinco Eus fragmentados; pois apesar da psiquiatria afirmar de que sou bipolar, eu quero crer que tenho um perfil mais audacioso: sou “hexapolar!” E não tenho receio algum e nenhum tipo de preconceito para constatar de que sou louco. Um grande louco, mais precisamente... E a minha loucura tem sido o meu subsídio artístico, altamente qualificado, desencadeando todo o meu processo existencial literário – também expressivamente na dramaturgia e nas artes plásticas...
O processo criativo de Miscelâneas partiu da idéia de escrever um livro volumoso, pinçando os melhores poemas de cada livro poético pellisoliano – que somam um total de 30 livros exatamente escritos num período de três anos. E o resultado me foi edificante: trezentas e setenta páginas de poesia genuinamente pellisoliana – sendo o POETA DA LOUCURA, é natural deduzir que os meus poemas são liricamente melancólicos e dramáticos... E não há nada a fazer quanto a este aspecto marcante da minha personalidade artística e poética, pois não consigo me expressar de maneira menos delirante: o meu canto é triste porque a vida material é tristemente melancólica; e porque sou um espiritista kardecista de carteirinha absorvido na metafísica do mundo espiritual, que, indubitavelmente, é o mundo verdadeiro e real. Diz-se, então, que a vida material é uma grande ilusão, e que estamos no planeta Terra cumprindo provas, expiações e missões, haja vista esta predominância do sofrimento em detrimento da felicidade. Sabidamente, a felicidade não é deste mundo... Porque deveria, portanto, me pronunciar artisticamente de forma diferente? Se tencionasse ser um poeta da alegria, que emoções oníricas abafariam a voz melancólica da nossa imperfeita humanidade? Que sentimentos verídicos representariam o nosso existencialismo caótico e profundamente desumano? Sou ético, íntegro e honesto em demasia para encenar a fantasia dos que se dizem felizes, ainda que chorem às escondidas...
Penso que Miscelâneas seja um trabalho de grande responsabilidade poética, no que tange à forma e ao conteúdo, tendo sido produzido de maneira que não deixe a desejar artisticamente, filosoficamente, politicamente e religiosamente; ainda que muito pouco, é verdade, tenha passado despercebido da minha inteligência poética: somente o discernimento douto que não está ao meu alcance acadêmico - tem o 3º grau incompleto em três faculdades, ficou desinformado nesta obra poética que marcará, se eu estiver certo, a minha presença na literatura brasileira – brasileira porque não sou um poeta regionalista, pois o meu canto tem características universais... E glorificado pelo meu ingente sofrimento, aceitando-o como dádiva divina para a evolução do meu espírito, tenho as substâncias necessárias e apropriadas para me intitular o poeta da loucura. É bem verdade que todos os poetas são meio melancólicos; mas sendo eu um poeta “hexapolar” é evidente, sem sombras de dúvidas, que a minha tristeza é muito escarpada... Não que eu sofra mais que as pessoas normais; mas a minha paranormalidade é muito angustiante e extremamente agonizante – delirante!
Os artistas com Transtorno Bipolar costumam ser geniais: é o caso do pintor Van Gogh: vanguardeiro dos pincéis que estava muito avançado em seus propósitos, numa época ainda dormente para a genialidade do seu Impressionismo. Infelizmente, os grandes artistas só são reconhecidos e valorizados muito tempo depois de suas mortes... Se por ventura eu seja um grande artista, estarei fadado ao anonimato enquanto vivo? Trabalhar incessantemente, sem perceber nenhuma remuneração, já virou uma tendência muito dolorosa para artistas pobres como eu: a minha insistência artística é uma resultante de que a arte pungente é uma espécie de condenação expiatória da qual não posso me desvencilhar...







FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 17/09/2010
Alterado em 18/09/2010
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