Fernando Pellisoli
Sou o Poeta da Loucura da Pós-modernidade
Textos
A ARTE DE ESCREVER


A arte de escrever é transcender deste mundo pequeno, nojento, interesseiro, caótico e, indiscutivelmente, ainda sem jeito. É receber dos anjos do Bem a retórica necessária, apropriada, para se transmitir uma mensagem positiva, verdadeira e emotiva. Às vezes, é verdade, não temos a mesma motivação para escrever coisas lindas, reluzentes; mas não podemos desanimar no trajeto do percurso, no momento do ato da criação artística, pois nem sempre podemos contar com a inspiração. Quando surge a dificuldade, o impasse de escrever, o assunto que se esvai, é preciso calma e se conectar com os anjos protetores. Os anjos protetores sempre estão prontos a nos ajudar, nos emitindo inspiração. Inspiração que todo bom poeta precisa poder contar sempre.
Escrever é como qualquer profissão: precisa-se do dom, da inclinação vocacional. Mas só o dom não é tudo, é necessário, também, o convívio com as letras: escrever muito e fazer boas leituras são condimentos indispensáveis para se chegar ao estilo próprio, derradeiro. De fato, há momentos, em nossas vidas, difíceis de serem enfrentados. Quase até impossíveis de serem solucionados. Nesses termos, não há nada a fazer a não ser dar uma breve pausa, se possível, no ato de escrever. Quando as idéias ficam obtusas, desnorteadas e impregnadas de negatividade, o jeito é procurar outra coisa para fazer, deixando a escrita de lado. Eu, no meu caso, tenho a pintura e a escultura que me absorvem, sobremaneira, nestes momentos de distanciamento literário – frutos da casualidade! Agora (é bom que saibam) os grandes escritores também perdem o fôlego da escrita como eu.
A linguagem, quando é natural, sobressai-se à medida que o escritor desempenha a sua tarefa compassadamente. É preciso se ter paixão quando se escreve alguma coisa: sejam poemas, contos, crônicas, romances, novelas, ou livros científicos e filosóficos, sempre é substancial o gosto pela escrita. Têm textos que discorrem freneticamente, sem intervalos, vislumbrando a inspiração a todo vapor. Mas a realidade não é esta: na maioria das vezes, é preciso lutar com o texto para que ele transpareça no visor do computador. Como eu costumo dizer - “escrever é um ato caridoso do escritor sincero”. É preciso amar fundamente o ato de escrever, amar a necessidade de se expressar literalmente através das palavras escritas, independente de se saber o quanto vamos ganhar com a literatura. Pois é mais crível a editora enriquecer, do que o escritor ficar rico. Mas o verdadeiro escritor escreve para o grande público e espera, sempre, o reconhecimento literário em detrimento do reconhecimento financeiro.
Talvez, você que está escrevendo poesia, pense, depois de ler esta crônica, que o melhor é desistir da lida com as palavras. Se você está fazendo pouca poesia, como muitos, eu acredito que deva desistir realmente. Entretanto, se a vossa poesia se aproxima dos grandes poetas, tente. Edita. O tempo se encarrega de mostrar o vosso talento. Eu mesmo escrevi o meu primeiro poema com sete anos de idade, na escola. Conto, hoje, com cinqüenta anos. E, ainda, não editei quase nada do que já escrevi. Muita coisa escrita se perdeu no tempo, e só agora estou pensando em começar a publicar minha nova literatura. Nunca é tarde para se começar a escrever livros, pois é justamente o tempo que nos faz amadurecer o talento. Eu sei que começar a navegar na literatura é uma tarefa árdua, lunática; mas o escritor convicto não tem outro caminho a não ser se enveredar pela publicação.
Escrever palavras rebuscadas não é suficiente para se redigir um bom texto. Para se fazer boa poesia. Ao contrário, é na simplicidade que os grandes escritores encontram guarida, encontram a dignidade no trato com as palavras. Portanto, não é viável, aos literatos principiantes, procurar as palavras preciosas para expressar os seus sentimentos. Estarão fadados, sinceramente, aos caprichos do anonimato e da frustração literária. Bem sei o quanto é difícil definir um bom estilo, escrever com sabedoria e naturalidade. É verdade, são poucos que conseguem a grandiosidade dos signos, mas é bom que se saiba: ser um grande escritor está proporcionalmente relacionado com a grandeza do espírito de cada um. E óbvio que a disciplina ajuda, e muito, a se penetrar no córrego estreito da literatura; mas só o talento e o dom vocacional podem, efetivamente, encaminhar o escritor à plenitude da profissão de literato.
Ademais, devo dizer que a arte de escrever (principalmente a arte de escrever poesia) é um dom natural do escritor, conectado com o mundo invisível dos espíritos superiores – que inspiram idéias de toda ordem possível ao nosso mundo inferior. A inspiração artística é um dom mediúnico a serviço da evolução da nossa humanidade. O escritor é um artista como outro qualquer: ou ele é bom ou ele é ruim. Isto é um fato! E, infelizmente, a maioria dos escritores não é boa; poucos se enveredam pelos caminhos da genialidade literária, com brio e amor à arte de escrever. É bom dizer, por fim, que é necessária paciência e tempo para madurar o fruto da linguagem escrita, pois a pressa em editar escritos está fadada a se precipitar num abismo profundo do mercantilismo editorial. Portanto, saiba esperar o momento preciso, a maturidade séria e responsável de se editar livros. Escrever, enfim, é um momento, sobretudo, de amadurecimento.









FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 17/09/2010
Alterado em 18/09/2010
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